A menina de todos

Este fim-de-semana assisti a uma coisa na televisão que ainda me pôs mais doente do que já estava: a chegada da menina que tinha sido raptada a casa. Foi preparada uma festa pelos vizinhos para celebrar a chegada da criança, mas até aqui tudo bem, comemorar o fim de um pesadelo de 13 meses para aquela família. Aquilo que realmente me enjoou foi o facto de haverem pessoas a deslocarem-se km’s para verem a menina e quando isso não aconteceu revoltaram-se de tal forma que até parecia um novo 25 de Abril! Pergunto eu: Ver a menina para quê? O que é que este facto vai contribuir para a felicidade desta gente? Será que não entendem o processo traumático pelo qual aquela criança está a passar? Será que não percebem que o que a família precisa é de paz e sossego para digerir tudo o que se passou e seguir a sua vida? Mas infelizmente a culpa destes acontecimentos não foi nem dos pais da criança, nem dos vizinhos, mas sim da comunicação social que fez deste caso mais uma forma de ganhar audiências nesta guerra de baixo nível a que assistimos diariamente. Os canais de televisão montaram um circo à volta desta notícia (que deixou de ser notícia a partir do momento que o tribunal decidiu entregar a criança aos pais), fazendo directos e “convidando” os desocupados a deslocarem-se até ao local apenas para fazerem confusão. Enfim, voltamos à história do costume e vemos o povo mobilizar-se e revoltar-se por uma “cusquice” e o resto…continua na mesma!